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Jaru, 26 de abril de 2024

‘Não caiu a ficha’, diz viúva de jovem morto por índios em aldeia de MT

Eliane Santos, mulher de Marciano (Foto: Reprodução/TVCA)
Eliane Santos, mulher de jovem morto por índios

A família e os amigos dos dois jovens de 24 e 25 anos, que foram sequestrados e mortos por indígenas da etnia Enawenê-nawê, cobram das autoridades explicações e ações em relação aos suspeitos de cometer os assassinatos em Juína, cidade a 737 km de Cuiabá. A Polícia Federal apura o caso, mas decretou sigilo nas investigações.

Genes Moreira dos Santos Júnior, de 24 anos, e Marciano Cardoso Mendes, de 25, foram mortos entre a quarta-feira (9) e sábado (12) após terem sido sequestrados por índios da etnia Enawenê-nawê, da aldeia Halataikwa, na BR-174, entre Juína e Rondônia. Eliane Santos, mulher de Marciano, disse em entrevista à TV Centro América que ainda não acredita na morte do marido.

“Até agora não caiu a ficha, que nunca mais vou ver ele e nunca mais estará perto de mim. É uma coisa que a gente não vai esquecer nunca”, declarou. Marciano tinha dois filhos e trabalhava com manejo de madeira em Juína. Ele e Genes iriam para Rondônia para comprar roupas e revender em Mato Grosso.

Segundo a família, Genes trabalhava como pintor. Há um ano decidiu começar a vender enxovais para bebês. Ele passava duas vezes ao mês na rodovia para poder comprar as peças. Marciano, no dia do sequestro, tinha ido pela primeira vez para ajudar o amigo. As famílias querem a punição dos índios que cometeram o crime, além do fim do pedágio na rodovia, cobrado mesmo após a morte dos dois amigos.

O pedágio feito por eles é de R$ 20 para motocicletas, R$ 50 para caminhonetes e carros pequenos e até R$ 100 para ônibus e caminhões. “Queremos cobrar da Justiça para que não esqueçam esse caso. Pelo amor de Deus. São dois meninos jovens que lutavam para sustentar suas famílias”, cobrou a amiga de Genes, Marlete Muniz.

Recibo de pedágio de indígenas em Mato Grosso (Foto: Luiz Gonzaga Neto/TVCA)
Recibo de pedágio de indígenas em Mato Grosso

A sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Juína está fechada há quase uma semana. Segundo funcionários da unidade, como retaliação às mortes, moradores depredaram a sede com tiros e atiraram pedras. Por conta do fechamento, os servidores são forçados a trabalharem em casa.

O caso
Os amigos Genes Moreira dos Santos Júnior, de 24 anos, e Marciano Cardoso Mendes, de 25, foram mortos entre quarta-feira e sábado após terem sido sequestrados por índios da etnia Enawenê-nawê.

Na quarta-feira, os dois estavam em um veículo e foram parados no pedágio do bloqueio feito pelos índios na rodovia federal BR-174, entre Juína e a divisa com o estado de Rondônia.

Genes Moreira dos Santos Júnior (à esquerda) e Marciano Cardoso Mendes (à direita) (Foto: Arquivo pessoal)Genes Moreira dos Santos Júnior (à esquerda) e Marciano Cardoso Mendes (à direita) (Foto: Arquivo pessoal)

Os dois foram sequestrados após uma desavença com os índios que cobravam pedágio na estrada, segundo acreditam as famílias das vítimas. Aos três dias de desaparecimento, os corpos dos amigos foram entregues à Polícia Civil e à PF por índios Enawenê-nawê. Eles marcaram um encontro com os policiais e compareceram com pinturas e trajes de guerra.

Os corpos dos amigos mortos na aldeia foram entregues já em estado de decomposição e os índios que os levaram afirmaram que várias pessoas na aldeia se envolveram com a execução. O caso gerou revolta na região de Juína, com novos bloqueios de rodovia.

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