O Ministério Público do Estado de Rondônia (MP-RO), com apoio da Polícia Federal (PF), deflagrou nesta quinta-feira (13) a “Operação Overbooking”, que investiga fraudes em pagamentos feitos pela Assembleia Legislativa do Estado para fretar táxis aéreos. Segundo investigações, alguns dos voos pagos pela ALE nunca ocorreram. Com isso, o esquema movimentou R$ 3 milhões em cinco anos.
Os pagamentos foram efetuados nas gestões dos ex-presidentes da ALE: Neodi Carlos Francisco de OIiveira, Valter de Araújo e José Hermínio Coelho, entre os anos de 2007 e 2012.
De acordo com as investigações, que tiveram início há cerca de dois anos, os pagamentos foram feitos à empresa aérea Assis AeroTaxi Ltda (Jacaré Taxi Aéreo), que, de acordo com o MP-RO, executava o serviço de fretamento de voos, disponibilizando aeronaves e tripulação.
Segundo o procurador-geral de Justiça Ayrton Pedro Marin Filho, o esquema fraudulento movimentou, em cinco anos, mais de R$ 3 milhões.
“São voos que foram pagos, com autorização da presidência do Legislativo estadual, e que nunca saíram do chão”, explicou o Procurador.
Ainda segundo o procurador, as investigações tiveram início quando o MP-RO verificou conflito de horários e datas entre voos e sessões plenárias.
“Certo deputado constava como se estivesse viajando, mas, na mesma data e horário, estava em sessão na Assembleia Legislativa”, explicou Ayrton Marin.
Diante das evidências apontadas nas investigações, o Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO) decretou a indisponibilidade de bens dos ex-presidentes citados e também dos proprietários da empresa aérea, onde, nesta quinta-feira, foram cumpridos mandados de busca e apreensão.
Outro lado
O ex-deputado Neodi Carlos F. de Oliveira se defendeu dizendo que os voos que constam como não realizados são os que as aeronaves pousaram em aeroportos não homologados e citou como exemplo uma pista localizada em Machadinho do Oeste.
“Nunca paguei por voos não autorizados”, afirmou o ex-parlamentar.
O procurador-geral de Justiça Ayrton Marin contestou a defesa de Neodi. “Não me refiro a pistas não homologadas, estou falando de voos pagos que nunca aconteceram”, salientou.
Já a defesa de Valter Araújo, representada pelo advogado Antônio Cândido, disse que a acusação é uma repetição de apuração de fatos já investigados durante a ‘Operação Termópilas’.
“É uma redundância, desde 2012 os bens do Valter estão indisponíveis”, explicou.
De acordo com o procurador-geral de Justiça Ayrton Marin os fatos são novos e foram detectados bens não classificados na operação citada pela defesa de Valter Araújo.
O deputado estadual Hermínio Coelho também se defendeu, dizendo que não entende porque está sendo citado nessa operação. “Nunca usei uma dessas aeronaves, inclusive, logo que assumi, em 2012 dei fim a esse contrato e, com a economia feita, investi na compra de ambulâncias para o Estado”, argumentou.
Segundo o MP-RO, as provas são contundentes e a acusação formal deve ser apresentada em 30 dias. “Temos muitos dados que comprovam a fraude”, asseverou o procurador-geral de Justiça Ayrton Marin.
O G1 tentou, mas não conseguiu contato com a empresa citada na investigação nem com seus responsáveis.
Operação Overbooking