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Jaru, 23 de abril de 2024

Jovem que matou ex no sexo aceitava ‘perder’ em jogos, diz professor

A um mês do júri da acusada de ter matado o ex-namorado a facadas no ato sexual, o ex-professor de educação física da jovem diz que Vania Basílio está adotando estratégias para se livrar da Justiça. Educador em Vilhena (RO), no Cone Sul do estado, Wellington Moura diz que Vania Basílio nunca demonstrou sinais de sociopatia, conforme laudos médicos, e nas aulas ela era uma pessoa extrovertida. “Ela aceitava derrotas nos jogos”, diz.

Ao G1, o educador relatou que, diferente do que muitas pessoas pensam, nas aulas de educação física é possível conhecer o perfil dos alunos até mesmo melhor do que nas outras disciplinas. “Dei aula para Vania no 2º e 3º ano do colegial e, em nenhum momento, ela se comportou diferente dos demais colegas. É uma estratégia. Não tenho dúvidas de que ela está tentando burlar a lei se passando por louca”, disse Wellington, de 38 anos.

Segundo ele, durante os exercícios o organismo desencadeia uma série de ações, inclusive pontos do cérebro ligado ao comportamento, ou seja, faz com que o indivíduo perca o controle do raciocínio e demonstre traços que tenta esconder.

“A Vania sempre respeitou as regras dos jogos, se portava bem diante das derrotas”, relembra. Quando soube que a ex-aluna matou um rapaz com 11 facadas, durante o ato sexual, o professor confessou que sentiu medo.

“Ela falou que saiu de casa com vontade de matar. Imagina se ela tivesse tido a mesma vontade enquanto estivesse em uma das minhas aulas?! Eu poderia ter sido o alvo”, disse assustado.

Ex-educador diz que teve medo após saber de crime, em Vilhena (Foto: José Manoel/ Rede Amazônica)Ex-educador diz que teve medo após saber de crime, em Vilhena (Foto: José Manoel/ Rede Amazônica)

Júri
Conforme a sentença divulgada em julho, Vania Basílio Rocha vai responder por homicídio duplamente qualificado e irá a júri popular no dia 15 de setembro, em Vilhena. Durante audiência de instrução no dia 12 de julho, a acusada negou o crime, ressaltou que os fatos estão “embaçados” e disse acreditar que o ex está vivo.

A determinação de que a jovem seja julgada por júri popular foi divulgada depois da audiência de instrução no Fórum da cidade, quando Vania foi levada do presídio para ser ouvida pela juíza. Na ocasião, um policial militar e o irmão da vítima, Marcos Catanio Porto, também foram ouvidos pela Justiça.

Ao judiciário, Vania, que foi diagnosticada com sociopatia em maio deste ano, relatou que namorou com Marcos por dez meses e que gostava da vítima. Em dezembro de 2015, segundo a Polícia Civil, Vania foi até a casa do jovem e o matou com 11 facadas durante o ato sexual.

Vania tem 18 anos e trabalhava como vendedora, em Vilhena (Foto: Arquivo Pessoal)Vania tinha 18 anos na época do crime, em
Vilhena (Foto: Arquivo Pessoal)

Na ocasião, Vania negou as declarações e disse não se recordar que “acordou com vontade de matar alguém”. Segundo ela, os fatos ainda estão embaçados em sua cabeça e, por isso, ela acredita que a vítima ainda está viva.

Conforme denúncia feita pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO), Vania sabia o que estava fazendo no dia do crime e, por isto, o órgão a denunciou por “dissimulação” e homicídio por “meio cruel”.

Segundo o TJ, “existem indícios suficientes de autoria em relação a denunciada Vania Basílio Rocha, em face das provas testemunhais e confissão extrajudicial da acusada”.
A sentença do TJ-RO ainda cabe recurso por parte da defesa. O defensor público de Vania diz que não vai recorrer da decisão.

Protestos
Vania foi levada para a audiência de instruçãono Fórum local. De acordo com o defensor público de Vania, George Barreto Filho, a audiência foi o momento processual em que parte e testemunhas são ouvidas para declarar o que sabem sobre os fatos que estão sendo apurados.

Após Vania chegar no Fórum, familiares e amigos de Marcos Catanio Porto, jovem que foi morto por Vania, fizeram um manifesto na frente do Fórum Criminal de Vilhena. “Nós queremos que ela vá a júri popular”, enfatiza o irmão da vítima, Alberto Catanio Porto.
O grupo estava vestindo camisetas com a foto de Tim, como era conhecido. Nas costas dos familiares e amigos, a roupa apresentava a frase: “Quem ama não mata! Queremos justiça!”.

Descumprimento de regra
Por ter descumprido uma regra do presídio feminino de Vilhena, Vania foi proibida de receber visitas de familiares até o início de agosto. O comunicado da proibição da cela dois foi colocado em um mural do presidio feminino da cidade. Segundo o documento, as presas da cela dois, onde Vania está presa desde janeiro, estão sem visita e sem “jumbada” – alimentos e outros produtos levados por visitantes. Na cela há seis mulheres.

Crime e confissão
Hora depois de ser presa, em dezembro de 2015, a jovem deu uma entrevista ao G1 e confessou o crime. Segundo Vania, no dia 30 de dezembro ela ligou para Marcos alegando que queria se despedir, pois iria embora para outro estado. Ela então colocou uma faca de cozinha dentro da bolsa e foi para a casa da vítima, que havia aceitado receber a visita. O casal foi para o quarto e, durante as preliminares sexuais, esfaqueou o ex-namorado.

“Eu tapei o olho dele. Aí peguei a faca e meti nele. Ele reagiu e veio para cima de mim e eu fui para cima dele também. Eu enforquei ele e aí comecei a meter [facadas] em outras partes do corpo dele. Daí, ele gritou socorro e a porta estava trancada. O irmão dele quebrou a janela. Quando o irmão dele entrou, ele já estava quase morrendo. Fiquei olhando olho no olho até ele morrer”, narrou Vania (ouça o áudio aqui).

Polêmica no Facebook
Uma das publicações de Vania mais comentadas no Facebook é o texto de um blog que tinha como título: “eu não fui uma má namorada, você que me tornou”. Após ser presa e confessar que matou o ex-namorado, usuários criticaram a postagem. “Imagina se fosse boa”, escreveu um jovem. “Louca, psicopata, parece que estava possuída pelo demônio”, acrescentou outro usuário. A postagem foi feita dois dias antes do crime.

Laudo da vítima
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que Marcos levou 11 facadas, sendo no pescoço, abdômen, braços, mão e pernas. Segundo um croqui divulgado pela Polícia Civil, a perfuração de faca no pescoço foi o que motivou a morte do rapaz.

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