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Jaru, 29 de março de 2024

Homens supostamente da LCP, invadem fazenda a procura de ex-companheiro para matá-lo e causa tiroteio e destruição

Seis homens armados que se identificaram como membros da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), foram até região da Gleba Santa Cruz, em um veículo roubado com placas de Jaru, no final da manhã desta quarta-feira (27). A ação ocorreu no “assentamento Terra Prometida”, zona rural de Alto Paraíso. O local já é conhecido pela violência agrária e fica situado na área de divisa entre os municípios de Monte Negro, Buritis e Alto Paraíso.

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Segundo o proprietário da área, identificado como senhor Milton, os acusados procuraram pelo seu filho, que seria ex-integrante da Liga dos Camponeses Pobres (LCP). Milton teria lutado bastante para que ele saísse do movimento, já que ele teria sido “convidado” por conhecer bastante a região.

Com a saída do filho da LCP, Milton o enviou para o estado do Mato Grosso, mas não sabe seu paradeiro. Pouco tempo depois do fato, há cerca de dois meses, membros do movimento que diz lutar por reforma agrária justa, foram até a fazenda do pai do ex-integrante cobrando o destino do filho dele. Como Milton não soube informar, eles exigiram 12 mil reais dele para deixá-los em “paz”.

Nesta quarta-feira (27), a cobrança foi novamente presencial: os seis homens exigiram novamente a presença do filho de Milton na fazenda ou que ele deveria entregar naquele momento, 20 mil reais para os “representantes” da LCP. Caso não o fizesse, a família toda dele morreria.

Foi aí que um grupo rival apareceu e começou a trocar tiros com o bando que teria ido fazer a cobrança na propriedade de Milton. Diante disso, os sem-terras da LCP se correram para o mato, a família de Milton também fugiu para uma igreja até a chegada da Polícia Militar, mas os “inimigos” aproveitaram a falta de resistência: reviraram toda a casa, quebraram os vidros de uma picape branca com uma marreta, e por fim, furaram o tanque de uma moto e cortaram o banco, além de queimarem o veículo Gol roubado, com placas de Jaru, que teria sido utilizado pelo bando que representaria a Liga dos Camponeses Pobres.

A Polícia Militar foi até o local com mais de 20 policiais e seis viaturas. Fizeram buscas durante o restante do dia para localizar os membros da LCP, além do grupo rival, mas ninguém foi encontrado até o momento.

Segundo informações da PM, o ex-integrante da LCP, que é filho do proprietário da fazenda Pedra Bonita, estaria envolvido em um esquema de compra, venda e aluguel de armas, por isso, o motivo da cobrança dos altos valores à família dele. Também existe a possibilidade de uma briga interna no movimento que resultou na ação violenta desta quarta-feira.

Situação delicada

Mesmo com as recentes trocas de comando nas Polícias Civil e Militar e com a Operação Paz na Terra, deflagrada em dezembro do ano passado, a situação ainda continua delicada no Vale do Jamari por conta dos conflitos agrários e a violência descontrolada, que resulta em grande número de assaltos à mão armada, furtos, invasões de residências ou propriedades rurais e assassinatos. Ao que parece, os membros desses ditos movimentos “sem-terra”, especialmente a Liga dos Camponeses Pobres, têm confrontado a lei e as autoridades constituídas.

Apesar de ser relativamente curto o tempo das ações coordenadas pelos novos representantes das forças de segurança pública, há muita preocupação nas cidades da região. Já aconteceram diversas reuniões com produtores rurais e representantes da sociedade civil, onde houve a apresentação das medidas a serem tomadas contra a criminalidade, mas pouco foi feito concretamente, ficando apenas, por enquanto, na teoria.

Uma das novas modalidades descobertas pelas Polícias Civil e Militar é a invasão de propriedades rurais pequenas, tanto para ocupação quanto o roubo ou furto de diversos objetos e equipamentos agrícolas. Já não bastassem os assaltos à mão armada às cidades menores do Vale do Jamari, como Monte Negro, Alto Paraíso e Buritis, parece que agora a violência está aumentando ainda mais no campo.

Outra preocupação seria a migração de fugitivos do sistema prisional para “reforçarem” a tropa que utiliza a violência para tomar à força propriedades rurais em nome de uma suposta “reforma agrária”. Diversas informações obtidas pelo Rondôniavip dão conta de que seria uma prática corriqueira a fuga de prisioneiros para acampamentos localizados em assentamentos rurais ou em fazendas invadidas.


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